O Sindicato dos Economistas no Estado de São Paulo (Sindecon-SP) rebate com
veemência um manifesto que pede o fim da obrigatoriedade do bacharelado em
Economia. Para combater é preciso recuperar a história.
Além de pedir o fim da exigência da graduação em Ciências Econômicas, também
exige o fim do registro no conselho de classe para exercer a profissão de
economista. O manifesto, lançado no dia 2 de setembro último e que diz ter 477
assinaturas de apoio, surgiu durante o último congresso de estudantes de
Economia, com apoio de professores universitários dos respectivos cursos. Como
explica Pedro Afonso Gomes, presidente do esses docentes
possuem mestrado e doutorado em Economia, mas não a graduação, o que
inviabiliza, por lei, a contratação deles pelo mercado de trabalho.
“Como
todas as profissões de nível superior, para exercer a profissão precisa ser
bacharel na área como em Medicina, Direito, Ciências Contábeis. E assim também é
com os economistas, segundo a. Desde então, sempre
existiram movimentos para que os que possuem somente mestrado ou doutorado em
Economia também possam trabalhar como economistas. No entanto, a LDB (Lei de
Diretrizes e Base) de 1996, que autoriza que mestrandos ou doutorandos em
Economia possam dar aulas nos cursos, não permite que os mesmos exerçam
atividades específicas para a profissão, como peritos, prestação de consultoria
ou análise econômicas”, explica Pedro Afonso Gomes.
O economista lembra,
ainda, que o mercado de trabalho supervaloriza profissionais com mestrados e
doutorados: “Quem é do mercado não compreende a qualificação exata de
bacharelado, mestrado e doutorado. Ele costuma achar que o mestre e o doutor têm
melhores condições de resolver o problema dele por conta dos títulos. O que em
economia não corresponde à realidade”.
Após obter o diploma da faculdade,
para poder se intitular economista e atuar em cargos restritos a profissionais
da área, é preciso estar credenciado no Conselho Regional de sua cidade e pagar
uma taxa de R$ 490 anual (no caso de São Paulo, por exemplo), sob pena de ser
processado por exercício irregular da atividade.
Uma das propostas do
Sindecon-SP é que os conselhos regionais usem parte desses recursos captados
para patrocinar cursos de qualificação em outras entidades do setor, como o
próprio sindicato. “A profissão já é regulamentada. Não há nenhuma necessidade
de ser feito um mestrado ou doutorado para exercer a profissão. É claro que é
preciso atualização, o que o sindicato tem feito fornecendo cursos e
aperfeiçoamentos. Por lei, o conselho não pode oferecer diretamente esses
cursos, mas pode patrocinar, a partir de convênios, instituições que ofereçam",
diz Pedro Afonso.
Outra grave consequência da desrregulamentação é a
desvalorização salarial do economista, cujo piso atual é de R$ 365 a hora,
conforme "Tabela Referencial de Honorários Profissionais dos Economistas",
divulgada anualmente pelo Sindecon-SP, seguida por outros profissionais como
contadores e administradores, que não possuem tabelas próprias, bem como pelo
mercado privado e pelo setor público, como no judiciário, onde há centenas de
peritos. Só em São Paulo são cerca de três mil peritos cujos rendimentos são
baseados na tabela do sindicato, conforme centenas de despachos e acórdãos de
juízes acatando a tabela do Sindecon-SP.
Aliás, como também lembrou
Gomes, os valores pagos aos economistas no mercado é que tem atraído a atenção
dos professores universitários, que atualmente recebem R$ 90 por
hora/aula.
Faculdade
Outro fato evidente que desfaz
os argumentos do manifesto recentemente divulgado são as horas de dedicação na
formação em uma graduação (3.200 horas), que é muito superior ao do mestrado
(480 horas) e doutorado (720 horas).
As disciplinas que compõem a grade
do curso habilitam o profissional justamente por oferecer uma base cultural
ampla, conhecimento teórico e capacidade analítica. O que significa oferecer
disciplinas como Sociologia, Ciências Políticas, Administração, Direito,
Contabilidade, Matemática, Estatística, Filosofia. Já o núcleo duro é composto
por formação teórica, que envolve macroeconomia, microeconomia e profundo
conhecimento em matemática, estatística, contabilidade social, tanto panorama
nacional quanto internacional, além do pensamento econômico e história da
própria economia.
O presidente do Sindecon-SP lembra que esse tipo de
manifesto é recorrente e que a melhor maneira de combater é lembrar a própria
história da profissão.
Números
De acordo com o presidente do Sindecon-SP, o
número de postos para economistas no estado de São Paulo, cresceu de 12.500 para
19.500, entre 2011 e 2015, representando um aumento de 56% no número de postos
de trabalho em empresas do setor privado.
No entanto, desses 19.500
somente cerca de 4 mil estão devidamente registrados no conselho, o que
significa que estão com os pagamentos em dia no conselho. Ou seja, 15.500 não
estão devidamente regulamentados.
Deborah
Moreira
Comunicação CNTU
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