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Setor de Serviços estável freia expansão do PIB brasileiro no 3º trimestre
- O desempenho do PIB brasileiro no terceiro trimestre de 2025 reforça o movimento de desaceleração da economia observado ao longo do ano. O país registrou alta de 0,1% ante o segundo trimestre e crescimento de 1,3% na comparação anual.
Embora positivos, os números revelam um quadro de estabilidade, com perda de dinamismo nos principais setores produtivos. O ponto central, segundo o presidente do Sindecon-SP, Carlos Eduardo Oliveira Jr., é que o setor de serviços — responsável por cerca de 60% do PIB — avançou apenas 0,1%, mantendo-se estável e atuando como pilar de sustentação da atividade econômica nacional.
Serviços continuam sustentando o PIB, mas com fôlego reduzido
Apesar de sua importância estrutural, o setor de serviços tem apresentado expansão mínima ou estabilidade, com alguns segmentos registrando retração real quando ajustados pela inflação.
Entre os resultados do trimestre podemos destacar:
- Transporte, armazenagem e correio: +2,7%
- Informação e comunicação: +1,5%
- Atividades imobiliárias: +0,8%
- Comércio: +0,4%
- Atividades financeiras e de seguros: –1,0%
Segundo Carlos Eduardo Jr., esses dados reforçam a leitura de que o setor, mesmo sendo o motor da economia, não tem conseguido gerar tração suficiente para acelerar o PIB, especialmente diante de um ambiente macroeconômico ainda restritivo.
Por que o setor de serviços estagnou?
O presidente do Sindecon-SP lista fatores que explicam o desempenho tímido do setor no trimestre. Entre eles:
1. Consumo das famílias enfraquecido
A alta foi de apenas 0,1%, indicando perda de fôlego em serviços não essenciais, como turismo, lazer e alimentação fora do domicílio.
2. Crédito caro e Selic elevada
A política monetária restritiva manteve custos elevados para famílias e empresas, limitando consumo e investimentos.
3. Mudanças pós-pandemia
A adoção de soluções digitais e novos padrões de comportamento reduziram a demanda por parte dos serviços tradicionais.
4. Mercado de trabalho fragilizado
Apesar do desemprego baixo (em torno de 5,4%), a nota destaca o aumento da informalidade e menor crescimento da renda real, fatores que seguram o poder de compra das famílias.
5. Incertezas fiscais e políticas
O ambiente institucional ainda desestimula investimentos em setores mais sensíveis ao risco.
6. Cenário externo pouco estimulante
Mesmo com o crescimento das exportações (+3,3%), o efeito positivo não foi suficiente para compensar a fraqueza do mercado interno.
PIB cresce pouco e reforça alerta para 2026
Em sua Nota Econômica, Carlos Eduardo Jr. conclui que a economia brasileira opera em ritmo moderado, com crescimento insuficiente para impulsionar emprego, renda e investimentos. O desempenho tímido do setor de serviços — tradicionalmente o coração do PIB brasileiro — se tornou o principal ponto de atenção para o curto e médio prazo.
“O desempenho do mês reflete uma economia em ritmo moderado, com crescimento insuficiente para acelerar emprego e renda. O setor de serviços, pilar da economia brasileira, é o principal ponto de atenção, pois sua estagnação compromete a sustentação do crescimento”, esclarece Carlos.
Por fim, para os próximos trimestres, o cenário permanece condicionado à:
- manutenção dos juros elevados;
- maior previsibilidade fiscal;
- recuperação gradual da confiança empresarial.
A perspectiva é que uma retomada mais robusta do setor de serviços ocorra apenas no segundo semestre de 2026, caso haja flexibilização monetária e melhora do ambiente macroeconômico. A persistência dos juros altos e das incertezas fiscais pode, no entanto, prolongar o período de estagnação.
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