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Comunicação > Notícias Um bimestre de avanços

Carta IEDI
Edição 1259


Sumário


Em fev/24, a atividade econômica continuou se expandindo no Brasil, embora sem contar com o impulso industrial ou a expansão dos serviços. Por esta razão, sua intensidade refluiu em relação à virada do ano e manteve-se no positivo com a contribuição do comércio varejista.

Na passagem de jan/24 para fev/24, já corrigidos os eventuais efeitos sazonais, apenas as vendas do varejo registraram alta dentre os grandes setores do mercado interno. Em seu conceito ampliado, que inclui os ramos de veículos, autopeças, material de construção e atacarejo, registrou +1,2%.

Nesta mesma comparação, a produção industrial variou -0,3%, em muito devido ao ramo extrativo (-0,9%), e o faturamento real de serviços, ao cair -0,9%, anulou a expansão que havia registrado em jan/24 (+0,5%) e fez deste setor o que pior se saiu em fev/24.

Como consequência, o indicador IBC-Br do Banco Central, que funciona como uma proxy para o dinamismo do PIB, apresentou resultado livre de efeitos sazonais de +0,40% em fev/24. Por certo positivo, mas inferior às expansões dos meses anteriores: +0,70% em dez/23 e +0,52% em jan/24.

De todo modo, se compararmos este início de ano com o início do ano passado há crescimento difundido em todos os grandes setores e seus ramos. As bases de comparação ajudam alguns deles, como a indústria, que apresentaram uma trajetória claudicante ou uma sequência de declínios no ano passado.

Assim, no 1º bim/24 vis-à-vis o 1º bim/23 foi a indústria que apresentou o maior progresso ao inverter o sinal de seu resultado. O recuo de -1,1% em jan-fev/23 deu lugar a uma expansão de +4,3% em jan-fev/24, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.

Todos os seus macrossetores cresceram, inclusive bens de capital (+3,6%), cuja produção encolheu muito no acumulado de 2023 como um todo (-11,2%). Esta não era uma realidade na entrada do ano passado, quando metade dos macrossetores ficaram no vermelho.

Regionalmente, a indústria também obteve uma performance superior. No 1º bim/24, os 18 parques industriais regionais acompanhados pelo IBGE acusaram aumento de produção, sendo que altas de dois dígitos foram registradas por três deles (Amazonas, Goiás e Rio Grande do Norte). No 1º bim/23, apenas 33% dos parques ficaram no azul.

São Paulo, que possui a maior e mais diversificada indústria do país, cresceu +4,8% em jan-fev/24 ante jan-fev/23, puxado pelos ramos de bebidas, derivados de petróleo, máquinas e aparelhos elétricos, minerais não metálicos e equipamentos de informática e eletrônicos. Outros casos de crescimento mais robusto incluem Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Amazonas.

Já no comércio, a entrada de 2024 trouxe uma expansão mais forte para o setor em seu conceito restrito: +6,1% ante +1,9% no 1º bim/23, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. No seu conceito ampliado, o quadro que era de virtual estabilidade no 1º bim/23 (-0,2%) deu lugar a uma expansão de +8,2% no 1º bim/24.

Este dinamismo recente deve-se sobretudo a dois de seus ramos, que juntos representam quase ¼ do comércio ampliado total: veículos e autopeças (+14,1% em jan-fev/24) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (+12,7%). Também se destacou a aceleração das vendas de supermercados, alimentos, bebidos e fumo (+7,9%), apoiada no aumento da massa de rendimentos reais da população.

O setor de serviços, por sua vez, foi o único a reduzir seu dinamismo no contraste entre as duas entradas de ano em tela. Seu faturamento real se expandiu no 1º bim/24, mas em um ritmo menor do que em jan-fev/23: +3,3% ante +4,9%, respectivamente.

Isso se deu, sobretudo, em função do ramo de transportes, seus auxiliares e armazenagem (+4,9% em jan-fev/23 e +0,6% em jan-fev/24), mas também em função dos serviços prestados às famílias (+10,9% e +4,6%, respectivamente).

Com estas evoluções recentes, tem havido certa convergência de desempenho, como sugerem as comparações do acumulado em doze meses frente a igual período do ano anterior.

Sob este ângulo, a indústria progrediu de -0,2% para +1,0% entre fev/23 e fev/24, e o comércio, de +1,3% para +2,3% em seu conceito restrito e de -0,5% para +3,6% em seu conceito ampliado. Já os serviços desaceleraram de +7,7% para +2,2%, o que pode vir a ajudar a arrefecer a inflação de serviços que tem preocupado o Banco Central.


Indústria



Em fev/23, embora a indústria nacional tenha mais uma vez registrado declínio de sua produção (-0,3%), muito disso deveu-se ao desempenho do ramo extrativo e a grande maioria dos parques industriais regionais se saíram melhor que o agregado nacional e conseguiram crescer em relação ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais.




Setorialmente, embora 12 dos 25 ramos industriais identificados pelo IBGE não tenham conseguido aumentar produção em fev/24, a maioria deles (58%) ficou virtualmente estagnada na série com ajuste sazonal, com variações entre 0% e -0,3%. O ramo extrativo variou -0,9% enquanto a indústria de transformação registrou 0%.




Por sua vez, dentre os 15 parques regionais acompanhados pelo IBGE, 10 tiveram aumento de produção na passagem de jan/23 para fev/23, com destaque para Rio Grande do Sul (+9,4%), Amazonas (+7,3%), Espírito Santo (+5,9%) e alguns estados no Nordeste, como Pernambuco (+5,2%) e Ceará (+5,2%).




São Paulo, pelo tamanho de sua indústria, foi quem freou o desempenho do agregado nacional. Ainda na comparação com ajuste sazonal, a produção paulista recuou -0,5%, devolvendo parte da expansão registrada em jan/23, que foi de +1,3%.



No contraste com um ano atrás, porém, não apenas o total nacional mas também os panoramas setorial e regional mostram-se bem mais favoráveis, sendo que dois fatores estão ajudando: as bases de comparação são baixas e fev/24 possui um dia útil a mais do que fev/23.

Assim, a indústria brasileira registrou +5,0% ante fev/23, consistindo na alta interanual mais intensa desde jun/21 (+12,1%), quando o setor estava em normalização após o choque da Covid-19 em 2020. Além disso, 80% de seus ramos e 89% dos seus parques regionais apresentaram avanços nesta comparação.



O que temos nesta entrada de 2024 é, então, um quadro bastante diferente daquele do início de 2023: +4,3% em jan-fev/24 ante -1,1% em jan-fev/23. Todos os macrossetores industriais cresceram, inclusive bens de capital (+3,6%), que restringiu o resultado do setor como um todo em 2023, bem como todos os parques regionais.



No 1º bim/23, 67% das indústrias regionais ficaram no vermelho, inclusive São Paulo, com -3,6%, bem como o Nordeste (-5,7%) e os estados do Sul do país, todos próximos de uma queda de -4,7%.

Agora no 1º bim/24, além da profusão do sinal positivo, altas de dois dígitos foram registradas por três parques (Amazonas, Goiás e Rio Grande do Norte) e 72% do total se saíram melhor do que o agregado nacional.



São Paulo cresceu +4,8%, puxado pelos ramos de bebidas (+14%), derivados de petróleo (+8,9%), máquinas e aparelhos elétricos (+8,4%), minerais não metálicos (+8,0%) e equipamentos de informática e eletrônicos (+5,8%).

Entre aqueles que aumentaram a produção mais intensamente do que o total Brasil em jan-fev/24 encontra-se o Rio Grande do Sul, com +6,2%, em função de couro e calçados (+12,8%), metalurgia (+12,9%), fumo (+40,8%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (+82%).



Outros casos incluem, por exemplo, Rio de Janeiro, com +8,7%, com base no ramo extrativo (+8,4%) e em derivados de petróleo (+13,3%), e o Amazonas, com +14,0%, devido sobretudo a equipamentos eletrônicos e de informática (+30,9%), máquinas e equipamentos (+43,4%) e produtos de metal (+12,6%).

Já o Nordeste como um todo não conseguiu crescer mais do que o total nacional, registrando +2,3% em jan-fev/24 ante jan-fev/23. Alguns setores que impediram uma alta mais forte foram veículos e autopeças (+0,6%), produtos de metal (-4,0%), químicos (-3,0%) e metalurgia (-14,8%), que juntos representam quase ¼ da indústria do estado.



Sumário



Assim como em janeiro, as vendas do comércio varejista tiveram avanço no mês de fevereiro, segundo a pesquisa mensal do IBGE. Além da persistência do sinal positivo neste início de 2024, vale notar que o ritmo de crescimento também tem sido mais forte do que costumava ser no ano passado. Muito disso cabe a bens de consumo duráveis.





Na passagem de jan/24 para fev/24, já descontados os efeitos sazonais, houve aumento das vendas reais de +1,0% no conceito restrito e de +1,2% no conceito ampliado, que inclui os ramos de veículos, autopeças e material de construção. Em jan/24, a alta tinha sido de 2,8%, mas após uma queda mais expressiva em dez/23.



Embora o melhor resultado tenha ficado por conta de produtos farmacêuticos, ortopédicos e de perfumaria (+9,9%), aqueles ramos que ajudaram o setor como um todo a ficar no azul neste primeiro bimestre foram principalmente os bens duráveis, até há pouco tempo restringidos pelos níveis elevados das taxas de juros dos empréstimos aos consumidores e pelo alto endividamento de muitas famílias.

Ainda na série com ajuste sazonal, as vendas de veículos e autopeças registraram +3,7% em jan/24 e +3,9% em fev/24, as de móveis e eletrodomésticos, +4,1% e +1,2%, respectivamente, e as de informática e comunicação, +6,8% e +0,5%. Outros artigos de uso pessoal e doméstico, que incluem as lojas de departamento e que em menor medida também demandam crédito, registraram +6,9% e +4,8%.



Com a ajuda destes ramos, mas também de outros, como supermercados, alimentos e bebidas, graças à desaceleração da inflação e ampliação da massa real de rendimentos, as vendas do varejo neste início de 2024 estão se saindo bem melhor do que a um ano atrás. Isso também ocorre na indústria, como vimos na seção anterior.

O varejo restrito registrou alta de +6,1% no 1º bim/24 ante o 1º bim/23 e o varejo ampliado, +8,2%. Em ambos os casos, são resultados superiores ao acumulado dos dois primeiros meses do ano passado: +1,9% e -0,2%, respectivamente. Esta melhora foi difundida entre os distintos ramos do varejo.



Dos onze ramos acompanhados pelo IBGE na comparação interanual, o único que não aumentou vendas no 1º bim/24 foi o de livros, jornais e revistas e papelaria, com -7,7%. No 1º bim/23, uma parcela de 45% dos ramos tinha ficado no vermelho.

As principais contribuições positivas vieram de veículos e autopeças, cujas vendas reais foram as que mais cresceram no 1º bim/24: +14,1% ante uma variação de apenas +1,6% no 1º bim/23, e de supermercados, alimentos, bebidas e fumo, que também saíram deste mesmo patamar de crescimento na entrada de 2023 para uma alta de +7,9% em jan-fev/24. Juntos, estes dois ramos respondem por cerca de metade do varejo ampliado.



O segundo melhor resultado do 1º bim/24 veio de produtos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: +12,7% frente ao mesmo período do ano anterior. Este ramo, que representa cerca de 6% do varejo ampliado, foi um dos que apresentaram drástica mudança em comparação com o início de 2023, quando suas vendas recuaram -4,2%.



Outros ramos que também passaram “da água para o vinho” foram, notadamente, outros artigos de uso pessoal e domésticos, de -9,5% para +3,1% do 1º bim/23 ao 1º bim/24, o atacarejo alimentício, de -8,1% para +2,5%, e material de construção, de -2,2% para +2,6%.



Ao lado das vendas de livros, jornais, papelaria etc., que caíram, como mencionado anteriormente, vale destacar mais duas travas em jan-fev/24: o ramo de combustíveis e lubrificantes, com variação de somente +0,3% e o de tecidos, vestuário e calçados com 0%. Neste último caso, porém, isso significou uma melhora em comparação com jan-fev/23, quando havia registrado -3,3%.



Serviços



O setor de serviços, tal como a indústria, ficou no vermelho em fev/24, registrando -0,9% frente ao mês anterior, já descontando os efeitos sazonais. Anulou, assim, todo o crescimento da virada do ano. A diferença em relação à indústria é que praticamente todos os seus ramos apresentaram recuos.



Ainda na série com ajuste sazonal, 4 dos 5 ramos de serviços identificados pelo IBGE perderam faturamento real, com todos estes devolvendo integralmente a expansão de jan/24. A queda mais intensa ficou por conta de serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,9%), seguidos por informação e comunicação (-1,5%), que interrompeu uma sequência de quatro meses seguidos de alta.



A exceção em fev/24 coube ao ramo de serviços prestados às famílias, cujo faturamento real variou +0,4%, sem contudo, compensar o declínio do mês anterior (-2,9%). Isso deveu-se a apenas um de seus componentes: serviços de alojamento e alimentação, que registrou +0,6%. Já os demais serviços pessoais recuaram -1,9% na passagem de jan/24 para fev/24.



Em relação à entrada do ano passado, entretanto, os serviços como um todo seguiram no azul, mostrando alguma resiliência após retrocessos na comparação interanual em set-dez/23. Este desempenho positivo foi acompanhado por 4 dos 5 ramos em fev/24.

As variações frente ao mesmo período do ano anterior mostram que no agregado dos dois primeiros meses de 2024 é generalizada a alta de faturamento entre seus distintos ramos. Mas apesar disso, a intensidade do crescimento diminuiu em comparação com o início de 2023, sobretudo, nos serviços prestados às famílias e em transportes, o que pode vir a ajudar a arrefecer a inflação de serviços que tem preocupado o Banco Central.



A tendência do setor em um prazo mais longo é de acomodação e de convergência ao ritmo de crescimento das demais atividades econômicas. É o que sugere o acumulado em doze meses, que passa de +7,7% em fev/23 para +2,2% em fev/24, quando o comércio varejista acumulou alta de +2,3% e a indústria se distanciou da estabilidade para registrar +1,0%.

Ao todo, 3 dos 5 ramos de serviços começaram 2024 com um ritmo de dinamismo inferior ao do início de 2023. No caso de serviços prestados às famílias, a alta refluiu de +10,9% em jan-fev/23 para +4,6% em jan-fev/24, devido a todos os seus componentes, mas principalmente de ao de alojamento e alimentação (de +11,2% para +4,2%).



Já nos serviços de transportes, seus auxiliares, correios e armazenagem, a expansão de +4,9% no 1º bim/23 deu lugar a uma virtual estabilidade no 1º bim/24, quando registrou apenas +0,6%. O transporte rodoviário de passageiros (de +22,4% para -3,4%) e o aéreo (-3,4% para -10,5%) contribuíram para isso, bem como outros segmentos de transporte terrestre (de +8,3% para +0,2%).



O terceiro ramo a apresentar acomodação foi o de serviços profissionais, administrativos e complementares, com +4,7% em jan-fev/23 e +3,8% em jan-fev/24, devido ao componente de serviços administrativos e complementares (de +4,6% para +0,5%).

Os dois ramos que tiveram um início de ano melhor em 2024 do que em 2023 foram os serviços de informação e comunicação, que liderou a expansão em jan-fev/24 com +6,2%, e outros serviços (+3,5%), que congrega um conjunto diversificado de atividades. Neste último caso, as atividades financeiras foram decisivas ao registrar +3,2% no 1º bim/24 ante -3,7% no 1º bim/23.



Fonte: https://www.iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_1259.html



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